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Boletins

Esteatose Hepática : Atenção – BOLETIM Nº 022/ 2015

Ref.: Esteatose Hepática : Atenção

Drª Mariana Dottori
Especialista em Hepatologia pela UFRJ – CRM RJ-777889

O Projeto de Hepatologia do CDT tem como objetivo identificar pacientes com alterações hepáticas, através dos exames laboratoriais e da ultrassonografia de abdome realizados no Programa de Checkup, para que se possa identificar fatores de risco e adotar medidas de intervenção com fins preventivos, visando à prevenção da doença; bem como diagnosticar doenças hepáticas já estabelecidas e tratá-las precocemente, evitando assim a progressão da doença.

Dentre as doenças hepáticas mais prevalentes destaca-se a doença hepática gordurosa (conhecida como “esteatose”), que pode ter origem alcoólica ou não alcoólica, as hepatites virais e a cirrose. A cirrose aumenta consideravelmente o risco de carcinoma hepatocelular, que só pode ser curado quando é diagnosticado precocemente.

Nas últimas décadas, em decorrência do aumento da obesidade, a doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA) tem sido reconhecida como a forma mais comum de doença hepática crônica em diversas partes do mundo, particularmente nos países industrializados. Está associada a fatores de risco como obesidade, diabetes mellitus, resistência à insulina e dislipidemia. É necessária a avaliação médica para que se tente diferenciar um caso de esteatose simples de um de esteatoepatite, visto que o prognóstico é diferente nas duas formas. Enquanto pacientes com esteatose simples têm curso habitualmente benigno, aqueles com esteatoepatite podem progredir para fibrose hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular. A progressão para cirrose ocorre em 15 a 20% dos pacientes com esteatoepatite.

É fundamental tratar as alterações metabólicas presentes nos pacientes com DHGNA. Devem ser feitas mudanças no estilo de vida, com prática de atividades físicas regulares e hábitos alimentares adequados. A perda de peso melhora significativamente a esteatose e a esteatohepatite, evitando assim a progressão da doença hepática. As condições metabólicas associadas, como diabetes, intolerância à glicose, dislipidemia e hipertensão arterial também devem ser tratadas adequadamente. É importante salientar que a causa de morte mais comum em pacientes com DHGNA são doenças cardiovasculares, uma vez que os fatores de risco são os mesmos responsáveis pela formação de placas de ateroma nas artérias, que podem levar à infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, dentre outras complicações.

Em relação à hepatopatia alcoólica, o consumo regular e excessivo de álcool deve ser evitado, visto que aumenta o risco de cirrose hepática. É considerado consumo significativo de álcool quando ≥140g/semana para homens e ≥70g/semana para mulheres. Em pacientes com outros fatores de risco (p. ex. síndrome metabólica com DHGNA e hepatites virais), consumos menores que os valores descritos acima também aumentam o risco de progressão da doença hepática, devendo ser evitados. A tabela abaixo exemplifica o conteúdo alcoólico das principais bebidas.

1 lata de cerveja – 350ml – 5% = 17 gramas de álcool
1 tulipa de chope – 300ml – 5% = 14 gramas de álcool
1 garrafa de vinho – 750ml – 12% = 80 gramas de álcool 
1 taça de vinho – 150ml –12% = 16 gramas de álcool
1 dose de destilados (uísque, pinga, vodca) – 50ml – 40% – 50% = 20 a 25 gramas de álcool

O projeto de hepatologia atua em conjunto com os demais projetos do CDT da Mútua, visto que uma abordagem multidisciplinar, em conjunto com as equipes de nutrição, endocrinologia, cardiologista, dentre outros especialistas, promove melhores resultados no controle de fatores de risco, tratamento de doenças e qualidade de vida.